quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O nascimento de Laís – Parte 3


Entrar pela emergência da Unimed já não é uma coisa que acalme o espírito. Mas depois de sermos atendidos rapidamente, subimos para o apartamento. Cicília foi atendida pela médica plantonista, que ligou para Dra. Roseane, que finalmente atendeu o danado do telefone.

Ficamos no aguardo.

Se você já viu alguém que ama sentindo dor e não poder fazer nada sabe como é difícil. A cada intervalo de alguns minutos, Cicília sentia as contrações. E era careta, gemido, respiração travada.

Quando Dra. Roseane chegou foi rápido. Descemos. Eu, assim como da última vez, separado. Tive que passar antes pela parte em que se pega uma muda de roupa para assistir à cirurgia. Já experiente (clique aqui)  e sabendo das falhas de segurança da Unimed, economizei uns 50 reais.

Passei pelos corredores, mostrando que sabia onde iria, cheguei no guichê e pedi: “me dá um saco de roupa”. Mais uma vez não me pediram nada. Fui ao vestiário, vesti aquele negócio que parece um pijama e fui para o bloco cirúrgico.

Cicília estava dentro da sala. E uma baixinha lá me barrou. Fechou a porta e disse que eu só poderia entrar quando fosse começar. E ficaram lá passando remédio nela, dando anestesia e etc. E eu do lado de fora, pulando para olhar pela janelinha da porta.

Cicília queria que eu entrasse. E alguém disse que só entraria depois que estivesse pronto para começar. Foi quando a baixinha disse: “é melhor mandar entrar logo. Ele tá ali pulando na frente da janela pra olhar mesmo”.

Entrei e fui para meu lugarzinho sem tocar em nada. Sentei e esperei.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O nascimento de Laís – Parte 2


Quer ver a personificação do desespero? Ligue para seu marido e diga: “vai nascer”.

Depois de sair com toda a gota da Ecoclínica, corri para a casa de Dona Maria José. Parei o carro, abri o portão e corri para ver Cicília. “E aí, vamos? Tá tudo pronto?”. Aí ela olha para mim com toda a calma do mundo e faz: “pode ir se ajeitar, tomar banho, trocar de roupa que as contrações estão só começando”.

Não sei de onde se tira tanta tranqüilidade. Eu continuava acelerado. Fiz o que ela pediu e fiquei pronto para sair. De vez em quando passava por ela dentro de casa e via a cara de sofrimento dela. E sem pressa.

E eu de um lado para o outro dentro de casa. E tentando falar com Dra Roseane. Só chamava. Com é que uma obstetra não atende o danado do telefone? Sabendo que tem uma paciente prestes a ter menino?

Depois do que pareceram horas, Cicília terminou de se ajeitar (maquiagem, cabelo, unhas) e fomos para a Unimed. De novo, Luedva a postos. Como dois anos antes. Desta vez não fomos pela recepção. Mas pela emergência.

Aí a gente disse o que era para a atendente indicar uma pulseira que diga a gravidade da situação. “Hômi, dê logo uma vermelha. Ela tá com contração”. Até que foi rápido. Chamou o maqueiro, que já veio com uma cadeira de rodas. Subimos.

E nada de Dra Roseane atender o telefone.

A médica do plantão foi quem fez o atendimento. Disse que tinha que ser cesárea. Até então Cicília tinha esperanças de ser normal. Só quando a médica ligou foi que Dra Roseane atendeu. Fomos encaminhados para o quarto e ficamos no aguardo. Até a bendita obstetra chegar.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O nascimento de Laís – parte 1


Reta final de gravidez é a coisa mais estressante que se pode viver. Principalmente para o pai. Por mais que a mãe esteja com a barriga enorme, andando igual uma pata, com pés inchados e cheia de dor na coluna. Ainda é mais para o pai.

É esperar, 24 horas por dia, a hora que ela vai dizer: “corre que a bolsa estourou”. E quando está fora de casa então é ainda pior. A cada cinco minutos checando os dois celulares, twitter e atualização do facebook para saber se tem novidades.

Mas, assim como aconteceu com Arthur, Laís esperou até o último dia. Com um detalhe: dessa vez Cicília sentiu as contrações.

Lembro de ter voltado do almoço para a TV e logo depois ela me ligou. Achava (você leu bem: achava) que Laís iria nascer. Pediu que ligasse para Dra. Roseane e ainda fosse pegar um exame na Ecoclínica. Era uma última ultrassom.

Corri para lá. Cheguei, pedi, esperei, sentei, levantei, pedi de novo, esperei de novo, sentei de novo, levantei de novo e perguntei: “Vai ter condições de entregar isso hoje, como vocês informaram?”

“Falta só uma assinatura, acho que fica pronto amanhã”.

“Minha filha é o seguinte: minha esposa está tendo contrações e a menina está para nascer. Se não ficar pronta agora, você pode botar esse negócio onde você quiser”. Vamos combinar: exigir paciência de um pai que está prestes a receber um filho é demais. Em menos de cinco minutos chegou o tal exame com assinatura de alguém.

Em meio a tudo isso, eu tentava ligar para Dra. Roseane. O telefone só fazia chamar. E o desespero só aumentava. “Como é que a obstetra não atende a mulesta do telefone????”. E corri para pegar Cicília na casa da mãe.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O chá de fralda rosa


Existe uma tradição na realização de chás de fralda. Menino é azul ou verde. Menina é rosa. Cicília pensou em algo diferente e colocou umas bolinhas pretas.

Foi neste dia que descobri que embuá não é aquele bichinho que a gente toca e ele se enrola todo. E como a gente é ruim, dá um chute para ele atravessar a calçada e parar do outro lado da rua.

A festa foi bonita. A tal da tradição manda também chamar apenas mulher. Confesso que não sou muito adepto de manter costumes sem um motivo plausível. E enquanto Cicília chamou apenas as meninas, chamei alguns meninos.

E aproveitamos. Cicília com uma barriga enorme, eu todo orgulhoso de saber que ia ganhar uma princesinha e Arthur achando o máximo dar uma festa para uma irmã que ele nem conhecia ainda.

No fim, o saldo foi de fralda com força. Se Laís mantivesse a média do irmão mais velho, daria para passar um bom tempo sem gastar dinheiro com isso.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Os padrinhos de Laís

Não importa quantos filhos você tenha, sempre vai se deparar com um problema: quem vai ocupar o cargo de padrinho? Pais reservas, que devem assumir a responsabilidade caso aconteça algo com a gente. Não dá para confiar em qualquer pessoa.

Assim como havíamos feito com Arthur, queríamos alguém da família. Acho estranho essa coisa de chamar amigo. Sei lá, hoje você está junto, depois de uns anos simplesmente não há nem contato.

Era preciso, primeiramente, traçar as características que eles deveriam ter. Basicamente, ter os mesmos valores que os pais.

Para cuidar da nossa princesinha, a madrinha tinha que ser um exemplo. De moralidade e honestidade. Que carregasse a marca de ser uma mulher ao mesmo tempo dócil e guerreira. Frágil e forte.

E o padrinho? Não podia apenas ser um padrinho, mas um PADRINHO. Que respeitasse a família e fosse um homem temente a Deus. Trabalhador e que colocasse a própria esposa acima até de si.

Com base nisso, fizemos a escolha, convidamos para um jantar na nossa casa e deixamos tudo preparado. Sem desconfiar, as “vítimas” chegaram.

Investimos tanto na cerimônia que foi a única vez na vida (até hoje, pelo menos) que tomei a tal da cerveja Teresópolis. Abrimos, servimos e na hora do brinde fizemos o convite. Para nossa felicidade Luedva e Luisinho aceitaram. Um casal em que confiamos para guiar e nos ajudar com nossa princesinha.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O nome da princesa


Escolha de nome é um negócio complicado. É a principal identidade de uma pessoa. Ela vai passar o resto da vida com aquilo e se não for uma coisa legal, coitada...

Tem aqueles clássicos. Frutos de um parto difícil em que a mãe e/ou o filho quase morrem. São as Vitórias da vida. Tem outros que chega a dar pena da criança. Mas não vou citar aqui exemplos de quando surge uma gravidez indesejada e os pais descontam no filho.

Claro que se você puder contar uma história bonitinha, de deixar os olhos lacrimejados é mais legal. Mas normalmente não é assim.

Começamos a fazer uma lista de possíveis nomes. E era nome viu. Brainstorm. A tal tempestade de ideias. Depois fomos reduzindo. Queríamos um nome composto. O primeiro curto. O segundo um pouco maior. Fortes.

Depois de uma analisada, fomos estreitando a lista. Com cerca de cinco ou seis estava bem complicado escolher. “Vamos jogar em uma saco, fazemos um sorteio e pronto: temos o nome da nossa filha”.

Não preciso nem dizer que Cicília pegou mais de 50 libras de ar não é? (não sabe nem levar na brincadeira).

Depois de algumas conversas e consultas, escolhemos um: Helena.

Na mitologia grega, ela era simplesmente a filha de Zeus e tinha a reputação de ser a mulher mais bela do mundo (era a fraca!).

Mais uns dias de arenga e pressão por definir o nome, chegamos a um consenso: Laís. Próprio de pessoas que tem certa predisposição para a rebeldia perante as injustiças.

Traduzindo: uma mulher linda que lutaria pela igualdade entre as pessoas. Se tinha algo a ver, só o tempo nos diria.

De qualquer forma, estava definido a nome da nossa princesa: Laís Helena.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Uma menina


Já tínhamos o exemplo de que as tais simpatias não eram nem um pouco confiáveis (clique aqui), portanto, aguardamos ansiosos a ultrassom que iria nos dizer qual o sexo do bebê.

Quando soube que Cicília estava grávida, liguei para Mainha para dar a notícia de que ela seria vovó novamente. E ela de cara cravou: “vai ser uma menina! Vou comprar o carro rosa da Penélope Charmosa”.

O tempo passou e devo dizer que ela não chegou a saber se acertou ou não. Ou melhor, soube. Mas não entre nós. É que algum tempo depois desta conversa ela precisou fazer aquela viagem sem volta que todos estamos destinados a fazer. Como diz Ariano Suassuna em O Auto da Compadecida:

“Encontrou-se com o único mal irremediável. Aquele fato sem explicação, que une tudo que é vivo em um só rebanho de condenados. Porque tudo que é vivo, morre”.

E numa das ultrassons as chances de acerto dela caíram consideravelmente. Dr. Eduardo, da Nova Imagem (que não coloco mais os pés lá e prometo dizer porquê) olhou, procurou e disse: “Tem 70% de chance de ser um menino”.

Suspendemos a escolha de nomes femininos e focamos nos masculinos. Otávio, Davi, Pedro, Augusto e mais uma ruma de nome que a gente ia falando e não chegava a um acordo.

Porém, no dia seguinte tudo mudou. Cicília estava de plantão e resolveu fazer uma nova ultrassom com um médico lá que é conhecido por não errar uma. E esse afirmou sem medo: “Compre tinta rosa, com toda a certeza é uma menina”.

Perfeito. O sonho de todo casal que pensa em ter apenas dois filhos. Um menino e uma menina. E foi um tal de escolher nome, olhar roupas de meninas, pensar nas bonecas.

E Mainha, onde quer que estivesse, deve ter sorrido. Feliz, por saber que teria uma neta. 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Os chutes


Quando se descobre que vai ganhar o primeiro filho, não importa se vai ser menino ou menina. Não há escolha. “É o primeiro, então o que vier está bom”. Ok, tenho que admitir: não há escolha em hipótese alguma. Não é a gente que decide mesmo...

Mas como já tínhamos Arthur, uma mocinha não seria má idéia. A história de formar um casal e tudo mais. E desde o primeiro dia iniciei um exercício mental de como seria ser pai de novo. Sempre pensando: como será a relação desse futuro ser com Arthur?

Ora imaginava uma menina e suas barbies, os preços das barbies, vestidos, laços. Uma princesinha que precisaria ser protegida. Em outros momentos, como seria um outro menino. O reaproveitamento dos brinquedos, das roupas.

E a família, claro, não poderia perder tempo e começaram os chutes. Tesoura aberta, fechada, data da menstruação somado com o tempo de sobrevivência do óvulo + tempo de vida de um espermatozóide (de onde o povo tira isso hein?).

E assim como na gravidez de Arthur, destaque para Goretti, amiga de Tia Tita. Refez os cálculos. Havia errado o de Arthur. Tensão no ar. Ultima menstruação, mês em que ocorreu a gravidez, somado à fase da lua, mais a distância da Terra em relação a Vênus dividido pela flexibilidade do balanço do rabo da lagartixa. De novo, complicado.

Parou, olhou para o horizonte e afirmou: “vai ser uma menina, pode comprar a tinta rosa”.

Mainha foi outra que tentou acertar. Jogou o dominó, leu os que os números diziam e mandou: “menina”.

Só nos restava esperar.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A descoberta - Parte 2


Arthur veio mais ou menos por acaso. Pensávamos em ter um filho, mas ainda não. Achávamos que era cedo, que deveríamos aguardar mais um pouco e, por um acidente, engravidamos.

Bem, Luedva tem uma teoria diferente com relação a isso. Ao saber que Cicília estava grávida, lembro que ela perguntou: “Usaram camisinha? Anticoncepcional? E COMO É QUE NÃO QUERIAM?”. Ok, tem razão. Mas a segunda gravidez foi diferente.

Desde que nos casamos, a ideia era ter dois filhos com uma diferença de, no máximo, dois anos entre eles. Aquela história de um trabalho só.  De preferência, que nascessem no mesmo mês. Já que tínhamos acertado com Arthur, queríamos repetir a dose. Portanto, fecundação em maio para nascimento em fevereiro. O mês da família.

Coincidentemente, nossas férias caíram em maio. E em Junho, Cicília voltou a sentir os sintomas clássicos de uma gestação: peito inchado, corpo cansado e sono em excesso (só faltou enjôo).

Estava no trabalho, quando o telefone tocou. “Alô”. “Oi, sou eu. Fiz um teste aqui de farmácia” (ela trabalha na Maternidade Frei Damião). “Sei, e aí?”. “Tô mei grávida”.

É incrível como certos acontecimentos não lhe deixam acostumado. Pode se repetir várias vezes e a sensação vai ser a mesma. Pai pela primeira vez, poderia dizer que já sabia o que fazer e como seriam os próximos meses com um segundo filho. Mentira.

O mundo parecia ter ficado em suspensão. Tudo estava parado. O tempo, as pessoas, a vida. E após alguns segundos, o turbilhão de pensamentos.

E agora, como vai ser? Dois filhos! Arthur vai gostar de um irmão (ou irmã)? Ele vai preferir o quê? Menino ou menina? E agora, como vai ser?  Vamos dar conta? Pelo menos não vai precisar comprar berço. Se for menino, a gente passa tudo de Arthur pra ele? Se for menina, a gente pinta de rosa? E agora, como vai ser?

Aos poucos, as dúvidas foram se transformando em uma única certeza: mais uma vez, a partir daquele momento, tudo seria diferente.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O ônibus

Pense em um lugar frio. 9 graus ao meio dia. Tempo nublado com uma garoa insistente que deixava os ossos congelados. Roupa por todo o corpo. Tôca e luvas. Cachecol. Casaco. É o que uma pessoa normal usa. Eu e Cicília estávamos usando. Mas parecia que Arthur achava que frio era para os fracos.

Usava casaco na marra, sem nada na cabeça e sem luvas. Achando-se o próprio morador do Sul do país. Tudo bem que aparência tinha. Cabelos loiros, pele clara, olhos azuis. Até hoje não entendo como ele não sentia frio. Eu congelava só em olhar para o termômetro.

Mas, de novo, Arthur dificultou o passeio por conta do intestino um tanto desregulado. E tive que mostrar minhas habilidades para trocar fralda em mais um lugar inadequado: dentro do ônibus.

Quando dei início à atividade, percebi que as pessoas mais próximas sorriam e achavam bonitinho um pai ajudar no trabalho de limpeza da cria. Segui trabalhando.

No avião já tinha sido complicado por conta do espaço pequeno, mas dentro de um ônibus em movimento é muito pior. Sem estabilidade, eu tentava me segurar com as pernas nos bancos. Ao mesmo tempo ia tirando a fralda, vendo o tamanho do estrago e tentando imaginar o que fazer com o odor que ia tomando conta do coletivo.

Depois de uns bons solavancos e momentos de agonia, consegui trocar tudo. E, de novo, só então me toquei do que havia à nossa volta. O vazio. De repente, percebi que as cadeiras ao nosso redor estavam vagas e o fundo do ônibus parecia exercer algum tipo de atração sobre os outros passageiros.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Café da manhã


Depois de chegar em Gramado por volta das 3h da madrugada (24h depois de iniciar a viagem) dormimos e no dia seguinte acordamos logo cedo. Depois de uma “rápida” organização descemos para o café. Explico: com um menino de 1 ano e 3 meses nada é rápido. Tudo demora.

Tira roupa, toma banho, dá banho, enxuga-se, enxuga o menino, coloca fralda, escolhe roupa, sandália, casaco. Café.

Não dá para o casal comer junto. Tem que revesar.

Enquanto um comia, o outro tentava fazer Arthur comer. Empurra pão, leite, iogurte, bolo, o que conseguir entrar é lucro. Quando não queria, choro.

Não existe coisa mais desesperadora do que um filho que chora em um ambiente que é para ser silencioso. A primeira reação é: cala a boca! (entre dentes, para ninguém achar que você é ignorante). Se o choro continua (e o desespero aumenta), você já concorda com o que ele quiser.

“Tá bom, tá bom, quer não, pronto. Quer mais bolo? Quer pão? É pão de queijo, quer? Tome”. E assim seguia. Depois de quase 40 minutos (tempo suficiente para os três comerem), levantamos para iniciar o passeio do primeiro dia.

Só quando levantei e olhei ao redor e para nossa mesa percebi que estava deixando um rastro de guerra atrás de mim. Era farelo de comida e pedaço de cereal para todo lado, sem falar em café, leite e iogurte derramado por todo canto.

Antes de limpar daria uns três gritos de socorro. Mas lembrei que não seria eu a fazer o serviço. E intimamente ainda tive forças para sorrir.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Escala em Florianópolis


Já contei em um post anterior as dificuldades que passamos com Arthur durante o vôo nas nossas primeiras férias (se não lembra, clica aqui). Pois bem, sigo agora com o relato do restante da viagem para Gramado.

Ao chegarmos em Brasília para uma escala de singelas três horas, ele já estava bem diferente de quando saímos de casa. Aquela roupinha arrumada e combinada havia sido trocada pela primeira muda que saiu da bagagem  ainda no banheiro do avião. De lá, partimos para Porto Alegre.

Contudo, por problemas de neblina, tivemos que descer em Florianópolis e o negócio estava tão ruim que tivemos que ser levados para um hotel no centro da cidade. Para quem nunca viajou com criança, eu digo: viaje. É incrível como tudo parece uma festa.

Pegamos o ônibus e fomos para o hotel. Não sei se por ser o primeiro dia da viagem, mas até achamos legal ter a oportunidade conhecer Floripa, já que dificilmente a cidade estaria na nossa escolha de férias no futuro.

Chegamos ao hotel por volta das 15h e exaustos (estávamos desde as 3h acordados). Menos Arthur, que não parava dentro do quarto. Aproveitamos para dar um banho descente nele depois da situação constrangedora dentro do avião. Fralda, bermudinha e a vontade de vê-lo com sono.

Mas ele queria mesmo era aproveitar.

Olho para ele e o vejo na seguinte situação: só de bermuda, cabelo molhado e despenteado, casaco em uma das mãos e com o telefone no ouvido: “alô?”. E ria.

Sono não iria bater. Fomos conhecer a cidade.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A ida ao dentista


Depois de ter quebrado o dente, Arthur teve que ir ao dentista. Missão extremamente difícil. Se eu, que já sou grandinho, não sento naquela cadeira sem anestesia nem para aplicar flúor, como iria convencê-lo de que aquilo era legal?

Na primeira vez, fiquei de fora. Mas na segunda estava lá. O negócio foi difícil mesmo.

Entramos na sala. Já havia me preparado psicologicamente para a dificuldade. Mas quando senti na pele, vi que era muito pior. Sentei na cadeira e coloquei Arthur sobre minhas pernas. Nesse momento ele já começou a reclamar.

“Que foi? Deixa a tia olhar o dentinho. Tem que ajeitar para ficar bonito. Não pode ficar assim senão dá bichinho”. Sem jeito. Não tinha argumento que convencesse. Mostramos bichos de brinquedo, penduramos acima da cabeça, mas foi complicado.

Era instantâneo. Quando ela começava a trabalhar, o menino se esguelava. Chorava tanto que chegava a vomitar. E olhe que nem teve aquele motorzinho irritante e medonho. Era mais uma lixa para nivelar os dentes da frente e uma massinha para deixar tudo igual.

Não era só estética. Era preciso ajeitar o dente para não ocorrer infiltração.

Depois de mais de trinta minutos de sofrimento, vômitos e berros, ela conseguiu terminar. Pronto. O sufoco tinha valido a pena. Lindo de novo.

O lado ruim é que durou apenas uma semana. É que ele voltou a cair com a cara no chão e o pedacinho de massa foi embora, deixando o dente quebrado no lugar.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O dente


Se toda criança tem um imã para o chão, o de Arthur deve ser super-ultra-mega-hiperpoderoso. Andar e manter-se em pé nunca foi um talento natural. E claro, algumas quedas acabaram marcando mais do que outras. Ele e eu.

Estávamos no restaurante Tererê comemorando o aniversário de Flávia. Todos sentados à mesa e Arthur no chão brincando ao lado da gente. De repente o choro. Olhei e vi que ele estava sentado com a cabeça tocando o chão e aos prantos.

Cicília foi até ele e, ao levantá-lo, a surpresa: sangue na boca. “Ai meu Deus, segura aqui”. Não, ela não é um exemplo de calma em momentos de crise com filhos. Peguei Arthur nos braços para verificar o estrago. O dente da frente estava quebrado. Fora isso, pouco sangue saía da gengiva.

Olhei para o garçom que estava próximo e perguntei se havia visto alguma coisa. Nada.

Choro, gelo, mais choro, abraço, ainda mais choro, pssssss, mais um pouquinho de choro, soluços, mais choro. Depois de alguns minutos, a calma. Examinamos novamente e vimos que fora a ponta do dente que tinha ido embora, nenhuma seqüela. Apenas o susto.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A Bica


Um dos programas mais tradicionais que envolve pai e filho em João Pessoa é o passeio na Bica. É uma dica muito legal. Natureza, animais, clima ameno e muitos atrativos para uma criança. Com Cicília de plantão no sábado, peguei Arthur, enchi a mochila de biscoito maisena, uma mamadeira de água e fomos embora.

O lado ruim do passeio era que, por ter menos de um ano, Arthur não andava muito bem. Principalmente naquele piso irregular. Pendurei no braço e fui em frente. Olhamos todos os bichos.

Por ser torcedor do Sport, o leão era um dos animais que mais tinha interesse em mostrar a Arthur. Grande, forte, imponente, o tal Rei da Selva. Mas o exemplar que tem na Bica não era exemplo de nada disso. Preguiçoso e cansado, ele não queria nem sair da casinha. Para ver alguma coisa já foi difícil.

Quando decidiu caminhar, vi o porquê. Fraco, o leão era somente couro e osso. Para urrar tinha que se encostar na parede para não cair. “Juro que o leão é um bicho legal. Quando chegar em casa baixo O Rei Leão e mostro Simba pra você”. E arrastei dali antes de causar um trauma no menino.

Chegamos ao aviário. Ali o negócio tava bonito. Entramos em uma gaiola gigante com os pássaros bem próximos da gente e ele adorou. O colorido, a gritaria. Arthur estava atento a tudo.

E o ponto alto foi o local dos macacos. Astutos, os bichinhos amarelos da Bica chamaram a atenção. “Como é que o macaco faz? Ha ha ha ha ha”. E fomos embora para a feijoada com Arthur imitando os macaquinhos da Bica. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O bebê conforto


Tem dia que nada resolve. Ou quase nada. E por mais que você siga um ritual, nem sempre o bebê vai cooperar e dormir o tempo todo quando estiver a sós com ele. E não demorou a acontecer com Arthur.

Depois de sair do trabalho e pegá-lo na casa da avó, seguimos para casa. Normalmente, ele dorme durante o percurso. Ao passar por Intermares e perceber que não havia sinal de sono, senti uma certa apreensão. Que começou a se transformar em medo ao chegar no Poço e ver que a situação não havia se alterado.

E depois passou a beirar o desespero ao estacionar o carro na garagem do prédio. Com Arthur bem acordado. O jeito seria colocar para dormir no braço mesmo. Subimos.

Em casa, não teve jeito. Foram vários minutos de tentativas, sacudindo o menino, fazendo pssssss até dar uma dor no meu ouvido e nada. Só choro. O desespero já tomava conta de mim. Sem saber mais o que fazer para acalmá-lo, recorri à arma secreta: o bebê conforto.

Como disse, normalmente ele dormia no percurso até chegar em casa. Coloquei-o de volta no bebê conforto, voltamos para o carro e fui andar. “Vou arrudiar esses retornos de Camboinha até tu dormir. Quero ver!”.

Depois de duas voltas, percebi que ele havia se rendido. Dormia tranquilamente. Dei mais uma por garantia e retornei para o apartamento. Com todo o cuidado do mundo, deixei o menino no berço e pude finalmente relaxar.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A fórmula do sono


Durante os noves meses da gravidez, ouvi dizer que nunca mais iria dormir. Que depois que um filho nasce se perde o sono. Que ele pode ter 40 anos e você não dorme a noite toda. Claro que senti medo.

Nos primeiros meses, Arthur acordava, era verdade, mas se acalmava assim que era colocado no peito. Com o fim da licença maternidade, meu maior temor era que ele acordasse no meio da noite. Só de pensar me tremia todo. Porque para acalmá-lo teria que ser na raça.

Contudo, depois de cinco meses, ele já tinha começado a comer outras coisas. Frutas, papas, etc. E a pediatra tinha passado uma receita de mingau. Que eu acabei por descobrir que é tudo que você precisa para uma boa noite de sono.

Uma medida de leite em pó de criança para cada 30ml de água; mais Farinha Láctea dependendo da quantidade de líquido.

Foi justamente aí que descobri as propriedades soníferas da Farinha Láctea. Cinco medidas desse negócio deixava Arthur pianinho, dormindo a noite toda e eu desmitificava essa história de não dormir mais nunca na vida. E mantive o sono dele. E  o meu.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

A primeira noite sozinho com Arthur


À medida que a licença maternidade de Cicília chegava ao fim, aproximava-se o momento em que eu teria de encarar o grande desafio: passar a noite sozinho com Arthur. Até ali tinha sido fácil. Chorou, peito; chorou, peito. Mas eu não nunca tive leite, então iria ter que me virar.

Ela trabalhava em sistema de plantão. O que significava dizer que seria a noite toda apenas eu e ele. Com o passar dos dias a apreensão aumentava. Como seria? E se chorasse? E se tivesse fome? E se quisesse leite de peito?

Quando chegou o dia, medo.

Saí do trabalho, peguei Arthur na casa da avó e passei na maternidade. O negócio era encher o menino de leite até a tampa e rezar para ele dormir a noite toda. Depois de mamar e cair no sono, coloquei com cuidado no bebê conforto. Olhei: dormia.

Segui para casa. Com cuidado, evitando os buracos e as curvas bruscas para não acordá-lo.

O negócio era: tirar do carro, subir as escadas, colocar no berço e torcer para ele dormir a noite toda. Simples? Não. Mas tinha que tentar. Minha noite de sono dependia do sucesso da empreitada. E continuei meu caminho.

Qualquer barulho vindo do banco de trás me fazia checar se estava tudo certo. Dormia.

Finalmente cheguei no prédio. Desci do carro, tirei o bebê conforto (dica: o balançado ajuda a manter o sono) e subi as escadas. Mesmo com a luz dos corredores, tudo tranqüilo. Não acordou. Abri a porta e entrei em casa. Com cuidado, levei o bebê conforto para o quarto. E aí apareceu a grande questão: tirar ou deixar onde estava?

Se estava tão bem ali, porque atrapalhar o sono dele? Mas ao mesmo tempo a consciência dizia que seria mais legal de minha parte se eu o colocasse no berço. E decidi tentar. Com toda a delicadeza do mundo e o medo em cada fio de cabelo, retirei.

Fiz um psssssssss no ouvido assim que escutei os primeiros resmungos. “Devia ter deixado lá. Vai dar errado. Vou passar a noite acordado”. Dormiu. Fui até o berço e coloquei. Mais um pssssss e finalmente senti que tinha terminado. Uma gota de suor escorreu pelo meu rosto.

Após um instante de contemplação daquela coisinha linda dormindo bem tranqüila, tomei uma decisão: abri na carreira para tomar banho, engolir alguma coisa e dormir. Afinal de contas, aquela era uma bomba relógio que poderia disparar a qualquer momento. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A viagem de avião


Na primeira viagem com Arthur passei por maus bocados. De férias depois de vários anos, resolvemos conhecer Gramado. Saímos de casa por volta das 3h da manhã para o aeroporto. Na sala de embarque, o primeiro susto. Cocô.

Banheiro, lenço umedecido, pomada, fralda, limpo de novo. Mas o pior ainda estava por vir.

A dica da pediatra para viajar com um bebê de 1 ano era dar remédio para dormir. Não funcionou com Arthur, que ficou bem acordado.E o bichinho deve ter tido muito medo viu. Logo depois de decolar, percebemos um odor diferente dentro do avião. Quando olhamos: “Minha nossa”.

Licença, deixa eu passar por favor, licença, afasta um pouquinho, desculpa, obrigado.

Até hoje não sei explicar como conseguimos entrar os três no banheiro. Quando baixamos a calça veio tudo junto. É um negócio meio desesperador. Você não sabe o que fazer. Afinal, é muita coisa. Normalmente o que vem primeiro na cabeça é chorar e pedir socorro.

Mas fomos ajeitando, limpando e o menino achando tudo aquilo o máximo. Depois de passada a parte mais crítica, deixei o banheiro e Cicília terminou o serviço. E só então percebi a dimensão do problema.

Fechei a porta do banheiro e olhei para as aeromoças que estavam sentadas no final da aeronave. Uma tinha dois dedos prendendo o nariz. Outra fazia uma careta enrugando o rosto. E a terceira, mais espontânea: “afe Maria, que cheiro é esse hein?”.

Sorrateiramente sentei na primeira cadeira disponível e aguardei a saída deles do banheiro. Só depois que passaram por mim é que levantei e voltei ao meu lugar.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A comida


Enquanto Cicília estava de licença maternidade eu nao me preocupava com comida. Bastava um choro, pegava Arthur e pendurava no peito dela. Leite à vontade. Mas seis meses depois acabou essa folga. E tive que passar por mais um processo de aprendizado: dar comida.

A primeira coisa que pensei quando vi a quantidade de mamão machucado no prato foi: “nunca que ele vai comer isso tudo. Eu vou é comer e dá o tapeia”. Mas com Cícilia perto não dava. E comecei a dar. E descobri o quanto é difícil convencer alguém que não entende nada do que dizemos a fazer o que queremos.

Ele simplesmente não engolia. Enchia a colher, fazia avião, abria a boca, apertava e nada. Quando conseguia fazer a comida entrar, a colher saía do mesmo jeito. Tentei umas sacudidas dentro da boca, mas também não deram certo. Fruta machucada parece que ganha as propriedades da cola. Gruda de um jeito que não sai.

Só depois de muito tempo é que consegui dominar a técnica. Enchia a colher, empurrava para dentro e passava no céu da boca. Voltava quase fazia. E fui assim, até ficar metade do prato. A partir daí não teve acordo. Não quis mais e acabou-se. Contudo, já estava feliz por ter dominado a situação e ter conseguido fazê-lo comer. Mesmo que tenha durado cerca de trinta minutos.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O Patatiiiii


Com grande parte da família sem poder sair de Recife para a festa de Arthur em João Pessoa, a solução encontrada foi realizar duas festas. Que, diga-se, ficou a maior parte sob a responsabilidade de Mainha. O tema foi o mesmo: O Pequeno Príncipe.

Chegamos, ajudamos a terminar de organizar e recomeçou toda aquela coisa de organizador de festa: “Olá, seja bem vindo. Está precisando de alguma coisa? Cadê o animador? Pode sentar aqui. Olá quanto tempo. Precisa comprar mais alguma coisa? Cadê Arthur?”

Um detalhe que chamou a atenção na festa foi o animador. Ou pelo menos era desta forma que ele se denominava. Particularmente não chamaria assim alguém que não sabe lidar com crianças, não sabe brincar e passa a festa toda fazendo maquiagem de bicho no rosto dos pirraias.

Por outro lado, o mais legal é que a festa aconteceu no dia do meu aniversário.

Quando Arthur nasceu (10 de fevereiro), todos disseram que eu havia perdido meu aniversário, que acontece dois dias depois. E o coro se acentuou com a festa de 1 ano em Recife, justamente neste dia. Mas não.

Eu ganhei. Ora, quer presente mais legal do que comemorar o nascimento do próprio filho? Mas ainda assim, Mainha achou que, por algum motivo, eu merecia uma festa própria. E quando a de Arthur terminou, tive direito a uma só para mim, com bolo do Sport e tudo.

Contudo, nada se comparou à alegria de ver Arthur abrindo os presentes. O da Bisa, para ser mais específico. Que mostrou talento para escolher. Mainha foi contra. Dizia que Arthur iria se assustar.

Era uma caixa enorme embrulhado em um papel amarelo. O último a ser aberto. Rasga aqui, ali e começam a surgir os primeiros detalhes do brinquedo. Ajuda a rasgar. Um boneco do Patati maior do que ele.

E, de repente, sem ninguém esperar, o grito: “Patatiiiiiiiii”. Ele começou a rir e bater na caixa com as duas mãos. É, não dava para negar. Ele era fã do Patati. 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O aniversário de 1 ano


Por mais trabalhoso que seja organizar uma festa de aniversário não há nada melhor que do que ver tudo pronto. Quando vi o salão preparado senti que toda a correria tinha valido a pena. Cicília estava de parabéns, afinal de contas, a ideia de tudo foi dela.

A verdade é que festa de um ano não é para a criança. É para a mãe. Mas dá para o pai aproveitar também. Mas é preciso se multiplicar, porque não dá para deixar a parte operacional da festa de lado.

Olá, seja bem vindo. Está precisando de alguma coisa? Cadê o animador? Pode sentar aqui. Olá quanto tempo. Precisa comprar mais alguma coisa? Obrigado. Arthur está com quem? Vai cantar parabéns que horas? Junta aqui para tirar uma foto.

Bom, não vou dizer que Arthur aproveitou toda a festa. Na medida do possível, divertiu-se. Sorriu, tirou foto, vestiu a fantasia. No fim, o mais legal foi exibir nosso lindo príncipe de olhos azuis. Tinha que me amostrar mesmo.

Após a festa, a sensação de felicidade e orgulho por termos passado por mais uma etapa. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Os preparativos da festa


Quando morei sozinho, depois de sair de Recife como retirante e vir para João Pessoa, pensei que havia conhecido a bagunça de uma casa. Até o dia que Cicília resolveu organizar o aniversário de um ano de Arthur.

Por volta dos seis meses começamos os preparativos. Quando ela me pediu sugestão de tema, pensei logo em Superman, Liga da Justiça, Cavaleiros do Zodíaco,... “meu filho, é aniversário de um ano”.

Se você é pai, e seu filho já fez um ano, deve saber. Caso contrário, vai descobrir. Por mais que a mãe queira inseri-lo nos preparativos da festa, tenha certeza de uma coisa: o aniversário não é seu. A festa não é do seu filho. No fim das contas, tudo é da mãe. O que acho até justo, afinal, não fui eu que passei nove meses com o menino na barriga.

E escolhemos (sugestão dela) Pequeno Príncipe. Já tinha lido a obra de Saint-Exupéry e gostei da ideia. Não ia ter super-herói, mas estava valendo.

E tome comprar coisa. Nesse período também descobri o quanto se gasta com festa do filho. E é muito viu. Sem contar que parte das coisas tivemos que comprar em Recife.

Às vésperas da festa, não sabia como tudo daria certo. Coisas para fazer, resolver e a casa parecia mais uma filial da Kelly Magazine, com bombons espalhados por todo lugar. Xaxá, Sete Belo, Embaré. E o pior: sem poder comer nada.

Mas quando o dia chegou e vi o salão pronto, percebi que não tinha como dar errado. Tudo estava preparado para o grande dia. Um ano do nosso pequeno príncipe.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Os primeiros passos


Enquanto o bebê não aprende a andar não há muito com que se preocupar. É só levantar a grade do berço que ele está seguro.

Contudo, esperava ansiosamente o dia em que Arthur iria sair engatinhando pela casa. Existe cena mais tchuquitchuqui do que essa? Difícil era convencê-lo disso.

É que Arthur simplesmente detestava ficar de barriga para baixo. Era instantâneo. Virou, chorou. Quando ele fez quatro meses colocamos pela primeira vez no andajá  (o menino era grande, ok?). Parecia que tínhamos descoberto uma invenção de sorriso automático. Ele adorava.

E eu também. O único risco era ele derrubar algum móvel quando abrisse na carreira. E de tanto usar o andajá, e odiar se deitar de barriga para baixo, pulou a fase de engatinhar.

“Venha, papai pega, venha”. E ele vinha. Todo desengonçado. Não conseguia dar mais que dois passos e tombava. Mas dava um. E isso era mais que suficiente para deixar orgulhoso. Afinal, era meu bebê crescendo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A primeira palavra


Mãe e filho possuem um vínculo inexplicável desde a concepção. Deve ser algo ligado àquela história de ter um bebê crescendo dentro da barriga, mexendo e depois mamando. O pai não tem isso. O vínculo precisa ser criado.

E pense que pai é um bicho besta. É como se, depois que Arthur nasceu, eu tivesse perdido a sanidade. Só isso para explicar o fato de me aproximar dele no berço, nos primeiros dias de vida e dizer: “repita comigo: papai. Paaaaa... pai”. Imagina se ele fala... Eu abria na carreira.

Mas quando se é pai, você não liga para essas amarras da sociedade que precisa taxar alguém de louco. E continuei. Só imaginava a sensação de felicidade ao fazer Arthur dizer a primeira palavra: “papai”.

“Toma aí, passasse nove meses com ele na barriga e ele falou papai”. Era uma luta diária, vários minutos na frente dele, falando e esperando. A resposta, porém, era sempre a mesma: silêncio.

Durante vários meses não tive retorno. Até que chegou o dia. Na sala, sentado, observava Arthur brincando, quando de repente ele inspira, olha para a frente, abre a boca e deixa escapar a primeira palavra da sua vida: “táxi”.

Tudo bem, não foi aquilo que eu esperava. Mas foi emocionante do mesmo jeito. Era nosso bebezinho crescendo.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O psssssss


Antes de Arthur nascer, lembro de ter visto uma reportagem em que o médico ensinava como “adestrar” os bebês. Acalmar os pequenos quando estivessem inconsoláveis. Porque não tem nada mais desesperador do que um bebê quando abre o berreiro. Se nascesse falando seria bem mais fácil. Mas não é assim.

Contudo, tudo na hora do aperreio é bem difícil. Olhava para Arthur e via o menino se esguelando, mudando de cor, do branco para o vermelho seguindo para o roxo. Não conseguia nem pensar direito. “Pega no braço”. Era a voz do médico no meu cérebro. Uma dica interessante.

Mas ele continuava em desespero. “Ai meu Deus e agora? O que faço com esse menino?”. “Encosta do peito”. E nada. “Tem que sacudir não é, meu filho!”. A voz estava ficando impaciente. E tome sacode. “ANDA!”.

E comecei a andar de um lado para o outro. Deve ter diminuído uns 20 decibéis. Mas o choro continuava. Neste momento lembrei de uma das técnicas mais tradicionais e eficientes da história em se tratando de acalentamento de bebês. Aquele que, ainda criança, ouvia minha avó fazer com os netos: o pssssssssssssssss.

Cerca de cinco segundos depois, o silêncio invadiu o ambiente. Um momento mágico. Único. Em que pela primeira vez consegui dominar o choro desesperado. E fiquei ali, curtindo o momento, mantendo a técnica.

Até perceber que Arthur estava em sono profundo. Totalmente relaxado em meus braços. Acabei me dando conta de que tinha dominado o fator “colocar para dormir”. Foi lindo. 

terça-feira, 31 de julho de 2012

O batizado


Acabei descobrindo que batizado é negócio complicado. Não sabia, mas existe um curso de padrinhos. Afinal, como diria Luisinho, ser Padrinho não é apenas ser padrinho, é ser PADRINHO. E a dica é pesquisar. Sei que parece aquelas sugestões de comentaristas econômicos no jornal da manhã, mas é verdade.

Tem igreja que o curso dura um mês, outras é em um dia apenas, existe diferenças de valores e por aí vai. Portanto, pesquisamos e escolhemos uma igreja no Bessa. No dia marcado, estávamos todos lá: eu, Cicília, Lincoln e Kalessa.

A maioria das pessoas que estavam lá eram papais de primeira viagem. O curso é interessante. Serve, basicamente, para reforçar essa coisa dos padrinhos serem os “pais reservas”. A gente teve um pouco mais de noção da responsabilidade.

Lá, descobri, por exemplo, porque minha avó tem mania de chamar meio mundo de gente de “cumadre” e “cumpadre”. Não é apenas para os padrinhos dos seus filhos? É. Mas não é tão simples.

Assim: além dos padrinhos mesmo, de “verdade”, que todo mundo sabe, tem a madrinha de apresentação e a de consagração. Ou seja, só aí, nessa brincadeira, temos quatro compadres. Minha avó teve quatro filhos. Logo, são 16 compadres. Sem contar os convites que ela própria recebeu para ser madrinha de alguém.

Hoje percebo que é mais difícil encontrar alguém que não seja compadre dela.

Voltando ao batizado, tem outros preparativos: jantar, sobremesa, lembrancinhas,... Até a escolha da roupa foi discutida. “Você vai com qual camisa? Vai comprar alguma?”.

Eu só tenho uma camisa branca bacana e ia perder a oportunidade de usar? De jeito nenhum. Lá fui eu com minha roupa de réveillon. Feliz da vida e todo orgulhoso.

Igreja, padre, cerimônia, banho, óleo, foto, jantar, lembrancinha, padrinhos, amigos,...

Enfim, um momento mágico, em que firmei diante de Deus a entrega de Arthur aos padrinhos. Responsabilidade maior para todo mundo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Os padrinhos de Arthur


Escolher padrinhos é difícil. Afinal de contas, levamos a sério essa coisa de “assumir o lugar dos pais caso necessário”. Então precisávamos escolher um casal que, dentre outras coisas, tivesse os mesmos valores que os nossos.

Por experiência própria, preferia que a mãe escolhesse. Explico: mainha havia decidido convidar um casal de amigos dela para serem meus padrinhos. Acontece que painho passou na frente e chamou um casal de amigos dele. Resultado: devo tê-los visto no meu batizado (é, não lembro mesmo) e só.

Sei que minha madrinha já morreu. O padrinho não sei. Agora que estou pensando no assunto, não lembro sequer o nome dele. Apenas que o chamavam de Chefia. Acho que já deu para entender não é...

E tradicionalmente, nos Pontes, convida-se alguém da família. O que acredito ser o mais lógico. Sabe como é... família, para o bem ou para o mal, nunca se separa. Pois bem. Mas quem seriam os padrinhos de Arthur?

Vale ressaltar que pensávamos nisso desde a gravidez, mas sempre adiávamos a decisão. Mas depois que ele nasceu, não dava mais. E encaramos.

“O que acha desse?”. “Sei lá, e esse?”. E os dias passando. E depois de alguns debates chegamos à conclusão:

O padrinho seria honesto, íntegro, correto e acima de tudo, justo. Ah, bastante ligado à família e que tivesse uma boa relação com crianças. Alguém que Arthur pudesse chamar de Padrinho, Tio ou simplesmente Amigo.

A madrinha teria as mesmas características, mas com algumas coisinhas a mais. Além de honesta, íntegra e justa, também queríamos que fosse carinhosa e atenciosa.  Claro, que gostasse de crianças. E quem melhor do que alguém que passa o dia com elas?

Com tudo isso, não havia mais o que pensar. Melhor que isso, só se fossem irmãos.

Os padrinhos de Arthur sempre estiveram ali. Prontos. Só esperando o convite. E felizmente aceitaram e assumiram o compromisso de serem os “Segundos Pais” de Arthur.

Confiamos neles. E sabemos que se algo nos acontecer, eles estarão lá para guiar os passos do nosso filho. Portanto, obrigado por aceitarem o desafio, Kalessa e Lincoln.