Arthur veio mais ou menos por acaso. Pensávamos em ter um filho, mas
ainda não. Achávamos que era cedo, que deveríamos aguardar mais um pouco e, por
um acidente, engravidamos.
Bem, Luedva tem uma teoria diferente com relação a isso. Ao saber que
Cicília estava grávida, lembro que ela perguntou: “Usaram camisinha?
Anticoncepcional? E COMO É QUE NÃO QUERIAM?”. Ok, tem razão. Mas a segunda
gravidez foi diferente.
Desde que nos casamos, a ideia era ter dois filhos com uma diferença de,
no máximo, dois anos entre eles. Aquela história de um trabalho só. De preferência, que nascessem no mesmo mês. Já
que tínhamos acertado com Arthur, queríamos repetir a dose. Portanto,
fecundação em maio para nascimento em fevereiro. O mês da família.
Coincidentemente, nossas férias caíram em maio. E em Junho, Cicília
voltou a sentir os sintomas clássicos de uma gestação: peito inchado, corpo
cansado e sono em excesso (só faltou enjôo).
Estava no trabalho, quando o telefone tocou. “Alô”. “Oi, sou eu. Fiz um
teste aqui de farmácia” (ela trabalha na Maternidade Frei Damião). “Sei, e
aí?”. “Tô mei grávida”.
É incrível como certos acontecimentos não lhe deixam acostumado. Pode
se repetir várias vezes e a sensação vai ser a mesma. Pai pela primeira vez,
poderia dizer que já sabia o que fazer e como seriam os próximos meses com um
segundo filho. Mentira.
O mundo parecia ter ficado em suspensão. Tudo estava parado. O tempo,
as pessoas, a vida. E após alguns segundos, o turbilhão de pensamentos.
E agora, como vai ser? Dois filhos! Arthur vai gostar de um irmão (ou
irmã)? Ele vai preferir o quê? Menino ou menina? E agora, como vai ser? Vamos dar conta? Pelo menos não vai precisar
comprar berço. Se for menino, a gente passa tudo de Arthur pra ele? Se for
menina, a gente pinta de rosa? E agora, como vai ser?
Aos poucos, as dúvidas foram se transformando em uma única certeza:
mais uma vez, a partir daquele momento, tudo seria diferente.
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