segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Nascimento de Arthur – Parte 1


10 de fevereiro de 2010. Um dia inesquecível.

Há dias que ficam guardados na nossa lembrança de tal forma que você sabe exatamente o que fez a cada minuto. Quando o Brasil foi campeão do mundo, Ayrton Senna morreu ou o Sport foi campeão da Copa do Brasil.

Ou um fato mais íntimo, como o nascimento do filho.

Acordei como em um dia qualquer, deixei Cicília na hidroginástica como em um dia qualquer, fui trabalhar como em um dia qualquer. Contudo, isto era a única coisa que aquele dia não era: um dia qualquer.

Ao sair da WSCOM, despedi-me dos colegas dizendo: “vou ali buscar meu filho na Unimed”.

Cheguei na casa dos futuros avós e Cicília estava pronta. Tínhamos que estar no hospital às 15h. Iniciamos então os preparativos finais. E cheguei a pensar que não acabaria mais. Queria entender porque precisamos levar tanta coisa para uma maternidade.

A mala do Gol estava cheia. A lista continha: bolsa para Arthur (que tinha pelo menos cinco mudas de roupa), bolsa para Cicília (mais uma ruma de roupa) e os itens de decoração do quarto, que não eram poucos.

Licor, chocolate, água, bandeja, “cheguei”, copos descartáveis, lembrancinha, caderno de assinaturas, computador (?!), máquina fotográfica,...

Agora imagine a cena: o casal chega no hospital para ganhar um nenê e leva um suporte digno de um almoço de domingo em família. Só para subir para o quarto já é uma dificuldade épica. O elevador da Unimed só anda cheio. Deve haver algum dispositivo que indica um número mínimo de pessoas para funcionar.

“Dá licença, por favor. Tem mais coisa, só um segundo. Segura aí, por gentileza que ainda tem uma sacola. Obrigado. Pode ir. Qual o andar mesmo? E o quarto?”. Ainda bem que Luedva estava comigo. Não dava para pensar em tudo ao mesmo tempo.

Claro que a essa altura, a única coisa que não funcionava bem era o cérebro. É que enquanto subíamos, minha esposa descia para o bloco cirúrgico para dar início ao procedimento. E eu queria estar lá.

Portanto, tinha que subir com a “feira”, deixar no quarto, voltar ao elevador, descobrir onde era o tal bloco cirúrgico e chegar a tempo de ver pelo menos o primeiro choro de Arthur.

E após jogar tudo no colo de Luedva, parti desembestado de volta para o elevador. Ainda deu tempo de ver uma mãozinha acenando por trás de uma bolsa rosa.

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