terça-feira, 3 de julho de 2012

A decoração


Os três primeiros meses são difíceis por conta do risco de aborto, que são maiores neste período. Depois disso, fica mais tranqüilo. Quer dizer, a gravidez dela, porque minha vida continuou complicada.

Depois de saber que teríamos um menino, iniciou-se o processo de compra do enxoval. E o primeiro susto que tomei foi com a quantidade de coisas que foi preciso comprar.

A título de comparação: tenho três calças jeans (duas para trabalhar e uma para sair), quatro camisas arrumadas, quatro pólos, três de botão e manga comprida e uma bermuda. Um par de sapato e outro de sandália. E sobrevivo.

Como é que um bebê pode precisar realmente de tanta coisa? Só de camiseta eram mais de 10. Calça era outra quantidade sem noção. E sapato então? Qual o sentido de se comprar tantos pares de sapato para um ser que não vai colocar o pé no chão nem tão cedo?

E olhe que o momento de decorar o quarto foi depois. E foi assim:

A vendedora começou a fazer perguntas que exigiam um grau de conhecimento que eu não tinha. Um exemplo:

Na loja especializada em bebês, sentamos e tentamos escolher um tema para o quarto. Algo a ver com floresta, mas sem aquele mói de mato, e safári, sem aquela paisagem seca da África. Colocaria em um fundo azul e ficaria lindo. Conseguiu visualizar? Por algum motivo, a vendedora não.

“Qual azul claro os senhores estão pensando?”

Minha separação de azul se limitava a escuro e claro. Havia sido suficiente para viver até ali. Mas parecia pouco.

“Que tal azul claro, tipo claro?”, perguntei.

Nessa hora a vendedora deu um pequeno sorriso e “explicou”: “quero dizer, o senhor pensa em azul piscina, azul bebê, azul turquesa ou azul da cor do céu?” Tentei refletir sobre a questão: “deixa eu pensar um pouco”.

E uma torrente de pensamentos invadiu minha cabeça: “Eu gosto de piscina, mas tem piscina que é verde. E tem umas que são sujas, então como ela vai saber qual a que eu quero? O quarto é para um bebê, então posso chutar, digo, escolher essa. Mas turquesa tem um nome legal. Lembra duquesa. Que é da realeza. Que tem a ver com Arthur, que era um rei. Mas tem o tal azul da cor do céu. Quem inventou tantos tipos de azul claro? Eu era mais feliz quando só tinha um”. E falei:

“Já que você tem mais experiência, na sua opinião, qual combinaria mais?” Rá! Não existe solução melhor. E ela escolheu o azul claro que está na parede lá de casa. Que até hoje, diga-se, não sei em que classificação se enquadra.

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