Os três primeiros meses são difíceis por conta do risco de aborto, que
são maiores neste período. Depois disso, fica mais tranqüilo. Quer dizer, a
gravidez dela, porque minha vida continuou complicada.
Depois de saber que teríamos um menino, iniciou-se o processo de compra
do enxoval. E o primeiro susto que tomei foi com a quantidade de coisas que foi
preciso comprar.
A título de comparação: tenho três calças jeans (duas para trabalhar e
uma para sair), quatro camisas arrumadas, quatro pólos, três de botão e manga
comprida e uma bermuda. Um par de sapato e outro de sandália. E sobrevivo.
Como é que um bebê pode precisar realmente de tanta coisa? Só de
camiseta eram mais de 10. Calça era outra quantidade sem noção. E sapato então?
Qual o sentido de se comprar tantos pares de sapato para um ser que não vai
colocar o pé no chão nem tão cedo?
E olhe que o momento de decorar o quarto foi depois. E foi assim:
A vendedora começou a fazer perguntas que exigiam um grau de
conhecimento que eu não tinha. Um exemplo:
Na loja especializada em bebês, sentamos e tentamos escolher um tema
para o quarto. Algo a ver com floresta, mas sem aquele mói de mato, e safári,
sem aquela paisagem seca da África. Colocaria em um fundo azul e ficaria lindo.
Conseguiu visualizar? Por algum motivo, a vendedora não.
“Qual azul claro os senhores estão pensando?”
Minha separação de azul se limitava a escuro e claro. Havia sido
suficiente para viver até ali. Mas parecia pouco.
“Que tal azul claro, tipo claro?”, perguntei.
Nessa hora a vendedora deu um pequeno sorriso e “explicou”: “quero
dizer, o senhor pensa em azul piscina, azul bebê, azul turquesa ou azul da cor
do céu?” Tentei refletir sobre a questão: “deixa eu pensar um pouco”.
E uma torrente de pensamentos invadiu minha cabeça: “Eu gosto de
piscina, mas tem piscina que é verde. E tem umas que são sujas, então como ela
vai saber qual a que eu quero? O quarto é para um bebê, então posso chutar,
digo, escolher essa. Mas turquesa tem um nome legal. Lembra duquesa. Que é da realeza.
Que tem a ver com Arthur, que era um rei. Mas tem o tal azul da cor do céu.
Quem inventou tantos tipos de azul claro? Eu era mais feliz quando só tinha
um”. E falei:
“Já que você tem mais experiência, na sua opinião, qual combinaria
mais?” Rá! Não existe solução melhor. E ela escolheu o azul claro que está na
parede lá de casa. Que até hoje, diga-se, não sei em que classificação se
enquadra.
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