Lembro que quando era criança e ganhava um presente, tudo que mais
queria era me “amostrar” para os amigos. “Olha o videogame que minha tia deu!”.
E depois olhar a cara de desconsolado do outro.
O tempo passou. Cresci. Mas isso não quer dizer que deixei de querer me
“amostrar”. E com filho então...
Meu negócio era querer receber o povo em casa. Quanto mais gente
melhor. Só para que pudesse ouvir: “ele é lindo, como é grande. Nem parece
aqueles bebês que nascem com cara de joelho”.
Olhava para ele, depois para a pessoa. Um sorriso falso-tímido. “e é?
Você achou?”. E por dentro, uma gargalhada, um orgulho que enchia o peito.
Não
existe satisfação maior do que ouvir um elogio sobre o filho.
É muito mais legal do que ouvir um elogio do chefe em público. Aquele “muito
bem, seu trabalho está excelente” não é nada comparado a ouvir que seu filho é
lindo. Porém, o êxtase, o grande momento da vida, é quando alguém olha para
ele, para você e diz:
“É a cara do pai”. Minha vontade era simplesmente congelar o momento e
ficar ali, parado, só ouvindo isso.
Ok, verdade seja dita: ouvi pouquíssimo isso. Branquinho, com o cabelo
loiro e olhos azuis, as pessoas olhavam para Arthur e enxergam Cicília. Não sei porquê.
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