quinta-feira, 26 de julho de 2012

A vontade de se "amostrar"


Lembro que quando era criança e ganhava um presente, tudo que mais queria era me “amostrar” para os amigos. “Olha o videogame que minha tia deu!”. E depois olhar a cara de desconsolado do outro.

O tempo passou. Cresci. Mas isso não quer dizer que deixei de querer me “amostrar”. E com filho então...

Meu negócio era querer receber o povo em casa. Quanto mais gente melhor. Só para que pudesse ouvir: “ele é lindo, como é grande. Nem parece aqueles bebês que nascem com cara de joelho”.

Olhava para ele, depois para a pessoa. Um sorriso falso-tímido. “e é? Você achou?”. E por dentro, uma gargalhada, um orgulho que enchia o peito.

Não existe satisfação maior do que ouvir um elogio sobre o filho.

É muito mais legal do que ouvir um elogio do chefe em público. Aquele “muito bem, seu trabalho está excelente” não é nada comparado a ouvir que seu filho é lindo. Porém, o êxtase, o grande momento da vida, é quando alguém olha para ele, para você e diz:

“É a cara do pai”. Minha vontade era simplesmente congelar o momento e ficar ali, parado, só ouvindo isso.

Ok, verdade seja dita: ouvi pouquíssimo isso. Branquinho, com o cabelo loiro e olhos azuis, as pessoas olhavam para Arthur e enxergam Cicília. Não sei porquê.

Nenhum comentário:

Postar um comentário