Licença paternidade: cinco dias em casa. Dá para relaxar e voltar ao
trabalho sem stress não é? De jeito nenhum. No dia seguinte ao parto começaram
as questões práticas, a exemplo do registro.
Pega o carro, vai em casa, pega documentos, volta ao hospital, descobre
que falta um, volta para casa, pega o restante, retorna à Unimed, encontra o
cartório fechado, volta outra hora, a fila está imensa, volta outra hora, a
mulher sai para almoçar, volta outra hora de novo e finalmente é atendido.
O dia que deixei o hospital foi um dos mais felizes da minha vida. Não
só por saber que ia voltar a comer comida de verdade, mas porque iríamos cuidar
do nosso filho em casa. Um baita presente no dia do meu aniversário.
O problema é que antes de chegar ao apartamento, havia um desafio:
subir os três andares de escada com uma criança recém-nascida e uma mulher que
não podia fazer esforço. Dica: se seu prédio não tem elevador, mude-se para
casa de um parente.
O plano era colocar Cicília em uma cadeira e carregá-la escada acima
(eu e o porteiro). Com muito cuidado fomos subindo cada lance. Chegamos ao
primeiro andar sem problemas. Seguimos. Com certo esforço e já cansados,
chegamos ao segundo.
A terceira e última etapa foi a mais complicada. O suor descia pelo
corpo. Já sem camisa, sentia os braços e as mãos doloridas. As pernas falhavam.
Quando a queda parecia iminente, olhei para Cicília. “Não vou cair!”. Com uma
força extra que não sei explicar de onde veio, subimos.
Assim que a cadeira tocou o chão, os braços relaxaram, exaustos. Suava
bastante. Lembro apenas de seguir em direção ao apartamento. “Um sofá”. Assim
que abri a porta... Surpresa!
Cicília havia feito um bolo em
comemoração ao meu aniversário. Em cima, um bonequinho com um bebê nos braços.
Nesse momento não deu mais. Chorei. Copiosamente. Sem forças, só pensei em
abraçar minha esposa. E foi o que fiz.
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