quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O psssssss


Antes de Arthur nascer, lembro de ter visto uma reportagem em que o médico ensinava como “adestrar” os bebês. Acalmar os pequenos quando estivessem inconsoláveis. Porque não tem nada mais desesperador do que um bebê quando abre o berreiro. Se nascesse falando seria bem mais fácil. Mas não é assim.

Contudo, tudo na hora do aperreio é bem difícil. Olhava para Arthur e via o menino se esguelando, mudando de cor, do branco para o vermelho seguindo para o roxo. Não conseguia nem pensar direito. “Pega no braço”. Era a voz do médico no meu cérebro. Uma dica interessante.

Mas ele continuava em desespero. “Ai meu Deus e agora? O que faço com esse menino?”. “Encosta do peito”. E nada. “Tem que sacudir não é, meu filho!”. A voz estava ficando impaciente. E tome sacode. “ANDA!”.

E comecei a andar de um lado para o outro. Deve ter diminuído uns 20 decibéis. Mas o choro continuava. Neste momento lembrei de uma das técnicas mais tradicionais e eficientes da história em se tratando de acalentamento de bebês. Aquele que, ainda criança, ouvia minha avó fazer com os netos: o pssssssssssssssss.

Cerca de cinco segundos depois, o silêncio invadiu o ambiente. Um momento mágico. Único. Em que pela primeira vez consegui dominar o choro desesperado. E fiquei ali, curtindo o momento, mantendo a técnica.

Até perceber que Arthur estava em sono profundo. Totalmente relaxado em meus braços. Acabei me dando conta de que tinha dominado o fator “colocar para dormir”. Foi lindo. 

Um comentário:

  1. Que bonitinho! O "pssss" parece ser infalível mesmo. Tão bom quanto o "A aaaa, A aaaa". =P

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