A primeira ida ao teatro não deu tão certo, mas acreditava
que talvez a Sétima Arte tivesse um efeito melhor. Afinal de contas era desenho
com fadinha, tudo bonitinho. Foi então com o pensamento positivo que decidi
levar Arthur para ver Tinkerbell e o Segredo das Fadas.
Sair de casa é sempre um processo trabalhoso. Menino
almoçado? Ok! Sentado na cadeirinha? Ok! Roupa reserva? Ok! Fralda? Ok! Garrafa
com água? Ok! Lanche? Ok! Fomos.
Com tanta coisa para pegar, fica um tanto inviável chegar antes
da hora em qualquer compromisso. Depois de rodar todo o minúsculo
estacionamento do Mag Shopping atrás de uma vaga, deixamos o carro e subimos.
Fila, espera, ingresso,... “Quer pipoca?”. “Quéio!”. Outra
fila, outra espera, pipoca,... “Bora que vai começar”. “Quer ir no banheiro?”. “Quéio!”.
Abre a calça, piloca para fora, faz xixi, sacode, guarda, descarga,... “Xau
Xixi”.
Como estava cheio de coisa nas mãos, pedi para Arthur me
acompanhar a pé. Fomos em direção à sala, ele atrás de mim. Peguei os óculos
(sim, era 3D, brinque não), fui caminhando, meia luz, subindo a rampa... “Tu
vai querer usar óculos Arthur?”. “Arthur?!”. O menino estava estancado lá na
porta com medo de entrar naquela sala escura. Não quis de jeito nenhum. Voltei.
Imagino as pessoas quando me viram entrar: “Quem é esse
coitado?”
Meus braços tinham: Arthur, pipoca, água, bolsa, ingresso,
celular e óculos. Até hoje não sei como consegui. Fui até a cadeira indicada e
foi outra luta. Ele não queria ficar no chão. Nem na cadeira, com medo dela dobrar
com ele dentro. Fiz toda uma acrobacia para conseguir nos acomodar e não deixar
nada cair.
Depois de uns cinco minutos, consegui. A luz apagou e
iniciou o filme.
Ao contrário do que imaginei, ele aceitou colocar os óculos.
E aproveitava tudo de pertinho. Fadinhas, coelhos, esquilos, corujas, folhas e
não quis mais. Foram 10 minutos apenas. E passou a ver o filme todo embaçado.
Fora isso, tudo seguiu tranqüilo. Nos conformes. Bom, pelo
menos até a pipoca acabar. Porque aí o negócio desandou. Ele começou a chorar. “Quéio
ir pa casa”. “Hômi, deixe de resenha, fique quieto que tem o filme todinho
ainda”. “Eu QUÉIO IR PA CASA”. Quem tem filho sabe. Nesses momentos bate O
desespero. A vontade é enfiar a cabeça dele dentro do saco de pipoca para ver
se não incomoda os outros. Mas ninguém faria isso.
Levantei, fui para a lateral da sala e fiquei no balanço... “psssss,
psssss, psssss”. Depois de um tempo, dormiu e eu fiquei lá, vendo o filme. Em
pé. Só após vários minutos consegui sentar. Com ele dormindo. E fiquei assim,
até o final do filme. Que deve ter durado uns 7 ou 8 minutos.
Bom, pelo menos ele não teve medo de Tinkerbell. O que me deu
esperanças de voltar para ver outro filme.
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