
Vez ou outra
falávamos para Arthur o que teria no dia da festa. E por ser caminho de casa, ele
já sabia onde era e mostrava toda vez. “A festa de Augusto vai ser ali”.
Durante todo o período de preparação, ouvia as mulheres
falando sobre a roupa do evento. Era um tal de discutir cor, modelo, loja em
que iam comprar e eu achando aquilo um exagero. “É uma festa de criança”.
Mas quando chegou a véspera e vi o vestido que Laís iria
usar, entendi: “Lascou! Tenho roupa pra esse negócio não”. A menina ia de
daminha de casamento! No final das contas, cheguei a pegar uma camisa nova, que
foi vetada pela avó do aniversariante. Que por sua vez me entregou uma do
próprio esposo, lacrada, vinda direto de Las Vegas.
Receoso de ter uma crise alérgica, vesti. Não sei se graças
aos dois anti-alérgicos que havia tomado horas antes por causa de uma crise de
rinite, mas não tive nenhuma reação com a camisa. E fui para a festa.
Cheguei ao local carregando minha máquina fotográfica e
disposto a registrar todos os momentos. De fato, a festa estava bem bonita.
Iria dar para fazer um book. Uma dose de whisky, algumas fotos,... “Eita, tem
três videogames lá embaixo e mais um carro de corrida”. Fui. Arthur estava
brincando no carro.
“Que lindo, tu tá dirigindo? Que massa. Deixa eu tirar uma
foto. Legal! Gostou de dirigir? Pronto, agora sai e vai fazer outra coisa” A
partir daí, a coisa ficou descontrolada. As fotos ficaram escassas. Sobre
Arthur e Laís tenho algumas vagas lembranças da festa. Olhava, estava com
alguém, voltava a brincar.
Às vezes, quando saía para beber refrigerante para matar a
sede, voltava e já tinha um pirraia no lugar. Falta de respeito. “Acho que tua
mãe tá te chamando. Como é mesmo teu nome? Foi esse mesmo que ouvi, dá uma
corrida lá pra ver”.
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