quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O cazá cazá

O ritual para um jogo de futebol começa logo cedo. No caso da partida ser em outra cidade, o muído vem ao longo da semana. “Tô pensando em ir pro jogo”, “acho que vai dar certo domingo”, “os meninos confirmaram”, “ta tudo certo para amanhã”, “a gente sai daqui umas 13h30”. É mais ou menos assim.

Isso para ir amaciando a esposa para ela ficar legal e não ter estresse. Quando chega o tão esperado dia, aí sim o ritual. Separa a camisa, do pai e do filho. Checa ingresso (ou carteira, no caso). Óleo do motor e calibragem dos pneus (são 120 km até Recife).

Arthur já saiu de casa pronto. Camisa, bermuda e sandália. “Vai pra onde?”. “Po jogo do ipot com papai”. Deixamos a feijoada, pegamos Hugo e iniciamos a viagem. O menino tava conversador que só a gota.

Era um tal de falar do casamento de Kiko, de Hugo, do aniversário dele que ia ser de sapo e Laís iria estar de Joaninha... Falou, falou, falou, falou e pegou no sono. Só acordou quando estacionamos o carro ao redor do estádio.

Botei no braço, entreguei a mochilinha a Hugo, peguei a garrafa d’água e fomos embora. O cabra andar cerca de 5 minutos com direito a ponte no meio do caminho com menino pendurado não é fácil. Passamos pela sede e chegamos aos elevadores. Gente. Calor. E o Cazá, Cazá.

Arthur ficou meio assustado. Encostou a cabeça no meu ombro e me abraçou. Ainda estava acanhado.

Elevador até o topo, dois lances de escada para baixo e estávamos nas cadeiras. Sentei com ele no meu colo. E passamos a assistir ao jogo, que já havia começado. Perdemos a entrada dos times em campo.

Para quem gosta de futebol, não tem como descrever a sensação de estar na arquibancada. Rodeado de desconhecidos que tornam-se amigos em frações de segundo. Seja para falar mal de certo jogador, seja para unir-se em xingamentos ao árbitro. Ou ainda para se abraçar no momento mais sublime de uma partida: o gol.

Durante todo o primeiro tempo, observei Arthur. Ao contrário do jogo anterior, estava solto. Animado. Batia palmas. Gritava. Empurrava o time junto com os outros 32.967 torcedores.

E depois do intervalo, mostrou que estava em casa. À vontade. Orgulhoso, só fiz ligar a câmera do celular e apontar para ele. O resultado foi esse aí: Cazá Cazá! 

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