Com dois anos de casados, a ideia era se estabilizar financeiramente
para só então ter um filho. E isso queria dizer um salário melhor, quitar o
carro e dar entrada no apartamento. Mas quem faz os planos não somos nós. E em
um único dia, tudo mudou.
Fui buscar Cicília no trabalho na hora do almoço como na maioria dos
dias. No carro, enquanto estava dirigindo, ela olhou para mim. O rosto estava
tenso, aparentava nervosismo, mas ao mesmo tempo disfarçava com uma calma impressionante.
Tirou um papelzinho de dentro da bolsa e me entregou.
Lembro que tinha uma tinta azul e uns tracinhos. Pensei: “Legal, gosto de azul, e aí?”
Perguntei o que era aquilo. E ela, já quase sem conseguir disfarçar o
nervosismo, respondeu: “é um teste de gravidez”.
Não sei vocês, mas nunca tinha visto um, então para mim aquela tirinha
de papel era grego. “E isso quer dizer o quê mesmo?”. Já sem disfarçar, com os
olhos cheios de lágrima, ela disse: “tô mei grávida”.
Eu poderia dizer que um turbilhão de coisas passou pela minha cabeça,
mas não é verdade. Simplesmente pensei: “será que esse negócio tá certo? Se
estiver, o que faço agora?”. E não pense que a ficha foi caindo não.
Na verdade, tudo ficou em suspenso. Só então o tal turbilhão foi se
formando.
E agora, como vai ser? Aviso a mainha? Quando vamos saber se é menino
ou menina? Esse negócio está certo
mesmo? E agora, como vai ser? Compro o berço de que cor? E para subir as
escadas? E agora, como vai ser? É para ir trabalhar hoje? Andréa vai gostar de
ser tia? Quem vão ser os padrinhos? Preciso do meu play2! Se for menino vai querer
jogar comigo? Se for menina pode? E agora, como vai ser?
E tudo isso foi resumido em uma pergunta: “Já pode espalhar?” Sou
jornalista, não dá para receber uma bomba e guardar para si. O mundo precisa saber.
Mas Cicília queria a confirmação definitiva, que é aquele teste Beta.
Aí a coisa ficou formal: laboratório, recolhe sangue, examina, testa, verifica
e vem o veredicto: “a paciente está grávida com força”.
É que tem uma taxa lá que indica a gravidez e a dela estava bem alta. E
aí sim, não dava para negar o fato.
De volta para o carro, com o semáforo fechado, nos abraçamos, nos
beijamos, trocamos palavras de amor. Um
momento só nosso. O mundo parou. Menos o motorista do carro de trás que ficava
buzinando.
Com tudo isso, a ficha caiu. Mas ela só trouxe uma certeza: que a
partir daquele momento tudo seria diferente.
Acompanhado...
ResponderExcluirParabéns Eduardo pela maneira simples que escreve passando com verdade a emoção dos pequenos e grandes momentos da vida.
Sucesso!!!
Que lindo!! Me emocionei e imaginei cada detalhe das cenas descritas! Cada dia meu orgulho por vc aumenta!
ResponderExcluirParabéns pelo blog, muito bom mesmo!!
E assim nasceu Arthur, o Príncipe! =D
ResponderExcluirAiii...que lindo, Eduardo! Parabéns pelo relato!
ResponderExcluirValeu pela força pessoal. Continuem voltando aqui rsrsrs
ResponderExcluirSimples e emocionante!
ResponderExcluirÉ exatamente essa a sensação Eduardo. Impossível não ficar emocionada. Parabéns pelo texto inaugural e pelo blog. Vou ficar por aqui! :)
ResponderExcluirParabéns Edu! Adoro a maneira simples e cheia de sentimentos que vc fala dos seus pequenos e da díficil e maravilhosa arte de ser "pai/mãe".
ResponderExcluirDá para imaginar vc dizendo: "Pode espalhar"! rsrs
ResponderExcluirMuito bom o texto.