
Laís, inocente, estava dormindo tranquilamente. Sem
saber o que a esperava. Entramos, peguei uma ficha, dei o nome de ambos, as vacinas
que iriam tomar e mandaram esperar. “Senta aqui, Arthur...”; “EU QUERO IR
EMBORA, EU NÃO QUERO TOMAR VACINA!”. Porque criança acha que a gente é surdo??
Eu ouviria se ele falasse mais baixo... Nessas horas você fica meio sem saber o
que fazer. Mas como estava no meio de uma ruma de gente com filho, tentei não ligar.
“EU QUERO IR PRO COLÉGIO!”. Na hora de me aproximar
da sala da vacina, ele não quis ir. “Vem Arthur”; “Venha pra cá”; “É só pra
esperar”; “Arthur... Venha... Agora!”; E por fim entre dentes: “Arthur
Henrique, venha pra cá agora”. Ele veio. E Laís dormia.
Quando entramos na sala, a coisa ficou feia. Era
preciso segurar Arthur para que a vacina fosse aplicada. Mas ao mesmo tempo,
Laís continuava dormindo. “Segura aqui, moça, por favor”. Entreguei a menina,
peguei o menino, prendi e falei: “Dá o gás!”. Pronto. Pense numa injeção
trabalhosa. Arthur chorava. Desesperadamente. E ainda tinha outra. “Vira o lado”. “EU
NÃO QUERO NÃO... NÃÃÃÃÃÃOOOO”. Levou. Pronto. Foi se acalmando.
Laís ainda dormia. “Ela tem que estar acordada”. Comecei a sacudir. Já
tinha chegado tão longe, não iria desistir agora. Então ela acordou meio sem
saber onde estava, qual a situação, e de repente... “AAAAHHHHHHHHHH”. E, de
novo, o choro tomou conta do lugar. Já aproveitei o embalo, virei o lado e
mandei dar logo pra terminar o mais rápido possível.
Por fim, quando estava tudo resolvido... “Cadê o
caderninho de vacina de Arthur?”; “Eita, acho que entreguei pra outra mulher...
vou lá”. Tive vontade de esganá-la. Depois de uns cinco minutos, ela volta. “Não
achei. E agora?”. “E agora tu vai parir o caderninho com todas as vacinas que
ele já tomou”. Mas o livrinho estava dentro da sala o tempo todo. Tive vontade de
esganá-la de novo. Mas saí.