segunda-feira, 11 de novembro de 2013

São Paulo - Parte 2

Acordamos cedo. Banho, roupa, café da manhã,... Aliás, por falar em café da manhã... Estou acostumado a sentar em um restaurante e ouvir as pessoas conversando. E na minha língua. Mas em São Paulo foi um tanto diferente. Primeiro, o silêncio. Apenas ouvíamos o barulho dos talheres. Incrível como quase ninguém fala. E quando fala é em japonês. Duvido que no Japão tenha mais japonês que em São Paulo.

Para o nosso segundo dia em Sampa, a missão era clara: Santa Efigênia e Braz. E já adianto: fazer isso com duas crianças pequenas é negócio para gente sem juízo.

Na primeira, o objetivo era comprar equipamento fotográfico. O flash, que não foi encontrado no dia anterior, e mais uma ou outra coisa. As pessoas fazem tanto medo, dizendo que certamente você será roubado a qualquer momento, que não dá para dar as costas nem para a própria sombra. Então era tudo para frente: bolsa e menino.

E haja braço. Seria impossível andar com Arthur no chão (fiquei com ele, já que Cicília levava Laís no sling). Era tanta gente que o coitado não duraria dois segundos. Se soltasse ele, seria igual à manada de antílopes que iam atropelando Simba. Sem chance.

Mas o pior, na verdade, estava por vir. O Braz. Não tanto pelo cenário, já que lojas e mais lojas e gente em cima de gente era bem parecido com a 25 de março e a Santa Efigênia. A diferença é que Cicília danou-se a comprar roupa. Aí você imagina a cena: uma pessoa carregando a mochila, Arthur e mais dois sacos de roupa.

Além disso, era preciso dar conta das necessidades individuais dos meninos: comida, água e xixi. Este último sempre um complicador a mais, pois dificilmente você encontra um banheiro público limpo. Em certos momentos não dava para evitar o desespero. Tinha hora que o pensamento era um só: “Jesus, pode me levar. Já!”. Ainda bem que ele não me ouviu.

Mas depois do que pareceram dias, conseguimos voltar para o hotel. Apenas para deixar as sacolas, tomar banho, dar banho nas crianças e seguir para a 25 de março a fim de comprar bijouterias. E aí, reconheço: um dos maiores erros da minha vida: decidimos ir a pé.

Aparentemente, uma caminhada de 1,5 km é tranquila. Não com duas crianças, em uma cidade que você não conhece, com pessoas ruins de dar informações. Cheguei lá morto, obviamente. Mais gente por todo canto e uma ruma de lojas para entrar. Em todas que entrava, sentava com Arthur, que dormia a sono solto. Como alguém podia dormir numa agonia daquela eu não sei.

Em uma delas, até bati um papo interessante. O segurança da loja explicou como é feita a importação dos produtos chineses que são vendidos lá. Basicamente, é tudo familiar. Uma galera produz na China e manda em containers para os portos brasileiros. Sempre mudando quando a polícia começa a se ligar. Então são levados para a 25 de março, onde são vendidos para os brasileiros, depois de burlar todo o esquema da Receita Federal. Simples assim.

Depois da aula de contrabando, só me restava mesmo voltar para o hotel, todo muído rezando por uma cama. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

São Paulo - Parte 1

Eu já imaginava que seria difícil. Antes mesmo de chegar lá. Afinal de contas, percorrer a 25 de março, Santa Efigênia e Brás com uma criança de 3 anos e outra de 1 ano não é mole. Mas a vontade (leia-se compulsão por compras) era maior. E fomos.

Assim que chegamos em São Paulo, passamos no hotel, deixamos as malas e fomos para a 25 de março. Um dos principais centros de muamba do mundo. No momento, o objetivo era comprar um flash para minha máquina. Um “amigo” disse que encontraria com toda a certeza na Galeria Pajé.

Para quem não conhece: pense no Terceirão, em João Pessoa. Imagine-o com oito andares de lojinhas de camelô. Pois é. Passei por todas as lojas. Com Arthur no braço. E uma mochila nas costas. Não dava para deixar nenhum nem outro no chão. O povo levava.

Não achei lá e me mandaram para uma tal Galeria Oriental, que ficava do lado. Um prédio igual, com vários andares e várias lojinhas. Tudo de novo, com o mesmo resultado. Com ódio de Ícaro, o tal “amigo”, só deu tempo de voltar para o carro e pensar em comer e dormir. Mas antes tínhamos outra missão: entregar o carro alugado no aeroporto de Congonhas.

E neste dia, aprendi o que é um engarrafamento. Bem diferente de levar 30 minutos para atravessar a Epitácio Pessoa em horário de pico. Parado. Seis faixas de carros: parados. PARADOS.

Óbvio que se fosse só isso estava de bom tamanho. Afinal de contas, turista que se preze, gosta de conhecer até os problemas das cidades que visita. Mas para completar o cenário, Laís se acabava em lágrimas.

É que estava no horário dela dormir, o que acontece de forma natural quando ela está na cadeirinha. A diferença é que o balanço do carro em movimento ajuda e o sono chega rápido. Com o danado parado, o negócio ficou complicado.

Era um choro desesperado. E o trânsito não ajudava. “Deve ter acontecido alguma coisa aí na frente, não é possível”. Em certo momento, cheguei a pensar em descer e balançar o carro para ver se ela dormia. Ainda bem que não fiz isso. Não acho que seria algo normal de se ver e com a quantidade de ambulâncias e viaturas da polícia passando, com certeza teria sido levado em alguma.

Contudo, após intermináveis minutos, que pareceram dias, chegamos, resolvemos o que precisávamos e retornamos ao hotel para uma merecida noite de sono. 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

1 ano de Augusto

Já tinha levado Arthur e Laís para vários aniversários, mas é inegável que o de Augusto havia criado uma expectativa diferente. Era o primeiro ano dele e seria na Pirlimpimpim. Conhece?Se sim, sabe do que estou falando...

Vez ou outra falávamos para Arthur o que teria no dia da festa. E por ser caminho de casa, ele já sabia onde era e mostrava toda vez. “A festa de Augusto vai ser ali”.

Durante todo o período de preparação, ouvia as mulheres falando sobre a roupa do evento. Era um tal de discutir cor, modelo, loja em que iam comprar e eu achando aquilo um exagero. “É uma festa de criança”.

Mas quando chegou a véspera e vi o vestido que Laís iria usar, entendi: “Lascou! Tenho roupa pra esse negócio não”. A menina ia de daminha de casamento! No final das contas, cheguei a pegar uma camisa nova, que foi vetada pela avó do aniversariante. Que por sua vez me entregou uma do próprio esposo, lacrada, vinda direto de Las Vegas.

Receoso de ter uma crise alérgica, vesti. Não sei se graças aos dois anti-alérgicos que havia tomado horas antes por causa de uma crise de rinite, mas não tive nenhuma reação com a camisa. E fui para a festa.

Cheguei ao local carregando minha máquina fotográfica e disposto a registrar todos os momentos. De fato, a festa estava bem bonita. Iria dar para fazer um book. Uma dose de whisky, algumas fotos,... “Eita, tem três videogames lá embaixo e mais um carro de corrida”. Fui. Arthur estava brincando no carro.

“Que lindo, tu tá dirigindo? Que massa. Deixa eu tirar uma foto. Legal! Gostou de dirigir? Pronto, agora sai e vai fazer outra coisa” A partir daí, a coisa ficou descontrolada. As fotos ficaram escassas. Sobre Arthur e Laís tenho algumas vagas lembranças da festa. Olhava, estava com alguém, voltava a brincar.

Às vezes, quando saía para beber refrigerante para matar a sede, voltava e já tinha um pirraia no lugar. Falta de respeito. “Acho que tua mãe tá te chamando. Como é mesmo teu nome? Foi esse mesmo que ouvi, dá uma corrida lá pra ver”.

O ponto negativo é que achei que a festa durou pouco. Cheguei às 17h e às 21h e alguma coisa Cicília já tava me chamando para ir embora. Logo quando, finalmente, tinha pego a malícia do carro de corrida. Quem sabe na próxima?