quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O nascimento de Laís – Parte 3


Entrar pela emergência da Unimed já não é uma coisa que acalme o espírito. Mas depois de sermos atendidos rapidamente, subimos para o apartamento. Cicília foi atendida pela médica plantonista, que ligou para Dra. Roseane, que finalmente atendeu o danado do telefone.

Ficamos no aguardo.

Se você já viu alguém que ama sentindo dor e não poder fazer nada sabe como é difícil. A cada intervalo de alguns minutos, Cicília sentia as contrações. E era careta, gemido, respiração travada.

Quando Dra. Roseane chegou foi rápido. Descemos. Eu, assim como da última vez, separado. Tive que passar antes pela parte em que se pega uma muda de roupa para assistir à cirurgia. Já experiente (clique aqui)  e sabendo das falhas de segurança da Unimed, economizei uns 50 reais.

Passei pelos corredores, mostrando que sabia onde iria, cheguei no guichê e pedi: “me dá um saco de roupa”. Mais uma vez não me pediram nada. Fui ao vestiário, vesti aquele negócio que parece um pijama e fui para o bloco cirúrgico.

Cicília estava dentro da sala. E uma baixinha lá me barrou. Fechou a porta e disse que eu só poderia entrar quando fosse começar. E ficaram lá passando remédio nela, dando anestesia e etc. E eu do lado de fora, pulando para olhar pela janelinha da porta.

Cicília queria que eu entrasse. E alguém disse que só entraria depois que estivesse pronto para começar. Foi quando a baixinha disse: “é melhor mandar entrar logo. Ele tá ali pulando na frente da janela pra olhar mesmo”.

Entrei e fui para meu lugarzinho sem tocar em nada. Sentei e esperei.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O nascimento de Laís – Parte 2


Quer ver a personificação do desespero? Ligue para seu marido e diga: “vai nascer”.

Depois de sair com toda a gota da Ecoclínica, corri para a casa de Dona Maria José. Parei o carro, abri o portão e corri para ver Cicília. “E aí, vamos? Tá tudo pronto?”. Aí ela olha para mim com toda a calma do mundo e faz: “pode ir se ajeitar, tomar banho, trocar de roupa que as contrações estão só começando”.

Não sei de onde se tira tanta tranqüilidade. Eu continuava acelerado. Fiz o que ela pediu e fiquei pronto para sair. De vez em quando passava por ela dentro de casa e via a cara de sofrimento dela. E sem pressa.

E eu de um lado para o outro dentro de casa. E tentando falar com Dra Roseane. Só chamava. Com é que uma obstetra não atende o danado do telefone? Sabendo que tem uma paciente prestes a ter menino?

Depois do que pareceram horas, Cicília terminou de se ajeitar (maquiagem, cabelo, unhas) e fomos para a Unimed. De novo, Luedva a postos. Como dois anos antes. Desta vez não fomos pela recepção. Mas pela emergência.

Aí a gente disse o que era para a atendente indicar uma pulseira que diga a gravidade da situação. “Hômi, dê logo uma vermelha. Ela tá com contração”. Até que foi rápido. Chamou o maqueiro, que já veio com uma cadeira de rodas. Subimos.

E nada de Dra Roseane atender o telefone.

A médica do plantão foi quem fez o atendimento. Disse que tinha que ser cesárea. Até então Cicília tinha esperanças de ser normal. Só quando a médica ligou foi que Dra Roseane atendeu. Fomos encaminhados para o quarto e ficamos no aguardo. Até a bendita obstetra chegar.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O nascimento de Laís – parte 1


Reta final de gravidez é a coisa mais estressante que se pode viver. Principalmente para o pai. Por mais que a mãe esteja com a barriga enorme, andando igual uma pata, com pés inchados e cheia de dor na coluna. Ainda é mais para o pai.

É esperar, 24 horas por dia, a hora que ela vai dizer: “corre que a bolsa estourou”. E quando está fora de casa então é ainda pior. A cada cinco minutos checando os dois celulares, twitter e atualização do facebook para saber se tem novidades.

Mas, assim como aconteceu com Arthur, Laís esperou até o último dia. Com um detalhe: dessa vez Cicília sentiu as contrações.

Lembro de ter voltado do almoço para a TV e logo depois ela me ligou. Achava (você leu bem: achava) que Laís iria nascer. Pediu que ligasse para Dra. Roseane e ainda fosse pegar um exame na Ecoclínica. Era uma última ultrassom.

Corri para lá. Cheguei, pedi, esperei, sentei, levantei, pedi de novo, esperei de novo, sentei de novo, levantei de novo e perguntei: “Vai ter condições de entregar isso hoje, como vocês informaram?”

“Falta só uma assinatura, acho que fica pronto amanhã”.

“Minha filha é o seguinte: minha esposa está tendo contrações e a menina está para nascer. Se não ficar pronta agora, você pode botar esse negócio onde você quiser”. Vamos combinar: exigir paciência de um pai que está prestes a receber um filho é demais. Em menos de cinco minutos chegou o tal exame com assinatura de alguém.

Em meio a tudo isso, eu tentava ligar para Dra. Roseane. O telefone só fazia chamar. E o desespero só aumentava. “Como é que a obstetra não atende a mulesta do telefone????”. E corri para pegar Cicília na casa da mãe.