quarta-feira, 12 de junho de 2013

A outra

Por mais que a gente tivesse preparado Arthur para o nascimento de Laís, eu sabia mais ou menos o que se passava na cabeça dele. Por ter vivido situação parecida (a diferença é que eu tinha 5 anos quando Andréa nasceu), tinha noção de que, naquela momento, ela era nada mais que a “Outra”.

E pensa bem: você é o centro das atenções, quando de repente, aparece uma pirralha, que não mede meio metro e todo mundo quer ver. Não é fácil digerir.

“Laís nasceu. Olha só o que ela trouxe pra você. Um presente”. Como se dentro do útero tivesse uma loja da Ri Happy.

E foi dentro do esperado. De início, a rejeição. A gente botava no colo, ele meio que afastava, fazia cara de contrariado e pedia para tirar. Botava para empurrar o carrinho, ele ia com a maior má vontade do mundo. Sempre com um olhar desconfiado.

Mas criança esquece logo das coisas. É uma vantagem que elas têm sobre os adultos. Não guardam rancor. E bastaram apenas uns dias para Arthur deixar para trás a ranzinza e tomar conta da irmãzinha.

Bastava perguntar: “quem é essa menina linda?”. “Minha imãzinha”. E com muito orgulho.

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