terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O Nascimento de Laís - Final


A única pergunta que vinha na minha cabeça era: “porque dessa vez me colocaram pra ver tudo? E se eu desmaiar?”. Lembro que com Arthur, eu fiquei exatamente atrás do pano, sem ver nada. Tudo bem que depois fiquei pulando para tentar ver alguma coisa. Mas desta vez eu estava em diagonal. Vi tudo que tinha para ver.

E ouvi a conversa também. “Soubesse de Fulana?” “Mulher, soube. Não acreditei”. E eu lá. Na expectativa. Esperei. E depois do bate-papo sobre as vidas de fulana, beltrana e quem lá fosse, saiu.

Uma coisinha minúscula, branquinha e que chorava.

Mesmo sendo a segunda vez que sentia isso, não dá para descrever. É um amor que não se mede. É Deus sentando do seu lado e dizendo: “Estou lhe entregando aos seus cuidados porque confio em você. Cuide bem!”.

São milhares de pensamentos ao mesmo tempo. Um turbilhão de idéias. Não dá para pensar direito em nada. Percebi que Kalessa estava na sala (como havia sido há dois anos). Nem lembro de onde saiu. De forma automática, comecei a tirar fotos.

E fiquei naquela coisa meio sem saber o que fazer. De repente, a médica olha pra mim e me oferece minha filha. Peguei-a com todo o cuidado do mundo. Aconcheguei em meus braços e olhei. Algo aconteceu com o mundo naquele momento.

Era como se tudo tivesse parado. Nada mais tinha importância. O resto do mundo parecia sem importância quando comparados com aquele ser pequeno e indefeso. Demorou alguns segundos (que pareceram horas) para que eu voltasse a pensar em algo.

E quando isso aconteceu, cheguei próximo dos ouvidos dela e cantarolei como tinha feito com Arthur: “Cazá, Cazá, Cazá, Cazá, Cazá, a Turma é mesmo boa, é mesmo da Fuzarca, Sport, Sport, Sport”. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário