Ter um filho também é saber descartar. Não ele, claro. Mas alguns
objetos.
Estávamos de férias (tecnicamente, Cicília estava de licença
maternidade). Passamos então alguns dias na casa de Tia Andréa em Jaboatão. Uma
noite resolvemos jantar no Laça Burguer.
Fizemos os pedidos, cada um com seu prato. Laça Coração, Laça Chiken,
Laça Cheese, Laça alguma coisa e bebidas. Fernando estava cabisbaixo, um pouco
triste após ter negado o pedido de comer um Beirute (aquele sanduíche que alimenta
20 pessoas esfomeadas).
Arthur andava pela lanchonete, brincando, conversando e... “Esse menino
ta quieto demais ali no canto. Deve estar fazendo alguma coisa”. Observei os
sintomas: rosto tendendo ao roxo, veias à mostra, barriga levemente inclinada
para a frente. Se ainda tinha alguma dúvida foi dissipada com a confissão:
“Papai, cocô”.
Quando se percebe que seu filho fez algo desse tipo em um local público
e ainda faz questão de falar, você entra em desespero. É preciso esconder o
menino e resolver o problema antes que todos morram por inanição.
Corri para o banheiro com ele nos braços e tranquei a porta. Olhei para
ele. Ele sorriu. “Vamos tirar a bermudinha?”. Ao tirar a bermuda percebi o
tamanho do problema.
Estávamos em uma fase de tentar tirar a fralda, portanto, ele tinha
apenas a cueca para segurar aquele negócio todo. E estava cheia. Muita cheia. Fiz
cálculos mentais para tentar retirar a cueca sem sujar todo o banheiro. Já
disse aqui antes que sou Jornalista. Claro que os cálculos deram errado.
Ao baixar a cueca veio tudo junto. O desespero foi aumentando. Aquilo
escorria pela perna e eu sem saber o que fazer. Retirei a cueca e por um
instante fiquei em dúvida: “O que faço agora? Lavo onde?”. E a solução veio
rápida e prática.
Com o pé, apertei o pedal da lixeira e joguei a cueca dentro. Para
nunca mais vê-la na minha vida. Peguei papel toalha suficiente para criar uma
múmia e limpei Arthur. Recoloquei a bermuda (por mais incrível que pareça
estava limpa) e saímos.
Neste dia aprendi que não devemos comprar cuecas caras para nossos
filhos.