Minha carreira no futebol durou praticamente toda minha vida escolar.
Comecei com 10 anos na escolinha de futsal do Visão. Disputei torneios com a
camisa do colégio (não ganhei nenhum) e disputei inúmeros interclasses.
Destaque para o título do Intermédio com a T1, já no CEFETPE. Dito isto, você
deve imaginar minha emoção de ver Arthur disputar o primeiro jogo defendendo a
camisa do Lourdinas.
Desde o ano anterior que eu tentava empurrá-lo para o futsal, mas ele
não queria. Não sei o motivo, porém, sempre se negava. Uma vez chegou a contar
uma história que ligou meu sinal de alerta:
“Hoje no colégio a gente brincou de futebol”. – Eita, que massa! Você
gostou? (agora ele vai querer fazer futsal). “João Gabriel era Fulano (não lembro
o nome do jogador de inspiração), Dudu era Beltrano”. – Que legal. E tu era
quem?. “Felipão!” -_-
Entendi aquilo como um indício e decidi não perguntar mais se ele
queria fazer futsal. Mas depois de um tempo, as histórias passaram a incluir a
participação dele. No gol. -_- Quem já jogou pelada sabe quem vai pro gol...
Mesmo assim, tudo bem. Magrão é meu ídolo e é goleiro. Então perguntei
se ele queria treinar no ano seguinte e ele topou. E assim foi. Detalhe: a
madrinha chegou a comprar uma luva de goleiro, já que ele queria tanto ser um,
mas nunca usou. Mudou de ideia depois e foi pra linha.
Depois de passar o ano em treinos (e sem eu ver nenhum) teve o primeiro
jogo valendo. Contra o Colégio Meta, na casa do adversário. Rapaz, o menino era
empolgado. Parecia final de Copa do Mundo. Era um tal de passar a mão na cabeça,
na testa, bater palma, incentivar os amiguinhos e foi pro jogo.
Bom, não tem muito o que se dizer de uma partida com meninos de 5/6
anos. Onde a bola está, o bololô acompanha. E Arthur corria, se esforçava, mas
nada de gol. Até que o árbitro marcou um pênalti. Era a chance. O Lourdinas
vencia com folga. Arthur foi pra cobrança. Escolhido pelo tio. Concentrado.
Correu. Bateu. Foi pra fora. Tipo, muito pra fora. Ele ficou meio abalado. Mas
valeu o esforço né.
De qualquer forma, eu estava feliz. Afinal, quantas vezes vivi momentos
como aquele. De jogar. De estar em quadra representando o colégio. E ver Arthur
fazer isso, encheu meu peito de orgulho. Mesmo que o gol não tenha saído. Acho
que é aquele lance de “continuar a história”. Que ele possa jogar muitas e muitas
vezes e ter bastante alegria.