segunda-feira, 24 de março de 2014

Antes das aulas

Não sei no meu tempo, mas hoje em dia existe um processo entre o pagamento da matrícula e o início das aulas propriamente dito. Passada a fase de escolher o colégio (Lourdinas), passamos por uma entrevista com a psicóloga e depois uma reunião de pais e mestres. O objetivo é deixar papais e mamães de primeira viagem um pouco mais tranquilos. Ou mesmo aqueles que já tenham experiência, lembrar o que se deve e o que não se deve fazer.

“Deixa a criança levar a bolsa”; “fala sempre bem da escola”; “a agenda é nosso meio de comunicação”. São frases que todas as tias dizem. Além daquela que mais ouvimos: “olhem o blog do colégio, pois poderão acompanhar tudo que seus filhos fizerem”. Devo confessar que se esse acompanhamento dependesse do tal blog, acreditaria que os meninos não fazem nada no colégio.

Mas é nessa reunião que descobrimos também quem será a professora. Com Arthur tivemos a felicidade de ganhar Tia Ju no primeiro ano. Ao ouvir o nome dela, minha primeira preocupação foi prestar atenção na reação dos pais que já eram “veteranos” no colégio. Todas positivas. Senti confiança.

Já no ano seguinte, tivemos uma experiência diferente com a entrada da Laís. Em tese, o mesmo processo. E como seria dividido por turmas, eu fui conhecer a tia de Arthur e Cicília foi para a sala em que estaria a tia de Laís. Conheci Tia Mônica. Tia Ju, que havíamos gostado tanto, tinha ficado para trás.

Entre as principais diferenças em relação ao ano anterior, era que no Infantil II Arthur receberia bem mais tarefas e iriam escrever na agenda. Orientado por Cicília, levantei uma questão que por pouco não causa uma guerra. A quantidade de doces que os meninos ganham na escola. É muito! Toda data comemorativa é porcaria: bombom, pirulito, chiclete e etc. A maioria dos pais foram contra mim. Alguns me apoiaram (dois, para ser justo...). As tias foram contra. Alegaram que era apenas em eventos especiais. De cara ela contou quase 15. Voto vencido, reunião terminada, fui para a sala do Maternal.

Engraçado como o perfil do assunto muda. Óbvio. Seriam crianças de dois anos, que mal falavam, usavam fralda e eram dependentes dos pais. O papo, claro, girou em torno do choro no primeiro dia de aula. “É normal a criança chorar. Vocês podem ficar um tempinho a mais na primeira semana”; “Deixem trazer brinquedos”; “Pode deixar a chupeta”; E a lista seguia, sempre dando dicas para que a adaptação acontecesse sem traumas.

Até que Cicília perguntou: “e se a criança se adaptar bem? Eu posso só deixar e sair?”. Todos olharam com cara de incredulidade. Até as tias. Como se dissessem: “pronto, chegou a que quer ter a filha independente...”. Mesmo demonstrando todo o descrédito que possuíam, responderam: “se ela estiver bem, pode deixar sim”.

E devo dizer que no primeiro dia, deixamos a bolsa na sala e bastou Laís chegar no parque para vermos que não havia motivos para ficar. Está aí o vídeo que não me deixa mentir.